sexta-feira, 27 de junho de 2014

Cristiano Ronaldo não é equipe

A saída da seleção portuguesa da Copa do Mundo de 2014 nos obriga a refletir sobre a gestão da nossa equipe. A seleção de Portugal tem em seu time o Cristiano Ronaldo, jogador que no início deste mesmo ano foi consagrado como o melhor jogador do mundo.


Com este peso nas costas, Ronaldo chegou ao Brasil com a obrigação de avançar com sua seleção até a final. Mas em um esporte onde é necessário entrar em campo com 11 jogadores, ter o melhor do mundo no seu time não faz nenhuma diferença.

Durante sua atuação na Copa, o jogador portugues recebeu duras críticas. Críticos afirmaram que o Ronaldo não estava com um bom preparo físico. E até memes foram criados nas redes sociais demonstrando que o jogador lusitano estava mais preocupado com o seu cabelo durante a sua atuação do que com a partida.

Isso acontece com várias equipes ao redor do mundo e nem só na área de esportes. Quantos empresários se acham a cereja do bolo ou paga caro para um funcionário que é considerado o melhor do mercado, mas na hora da ação deixa a desejar.

A solução para esta questão tão corrente nas organizações é formar líderes. Imagina se Cristiano Ronaldo, o melhor jogador do Mundo, entrasse em campo com a obrigação de motivar a equipe em fazer gols. O foco sairia do jogador e estaria na equipe da seleção Portuguesa. Os outros 10 jogadores seriam motivados por fazer parte de uma equipe que tem o melhor jogador do mundo.

No livro "Estratégia - Uma visão executiva" os autores Cornelis A. de Kluyver e John A. Pearce II defendem a idéia de que a habilidade de liderança é um diferencial para a flexibilidade estratégica.

"Atrair, motivar e reter as pessoas certas passaram a ser importantes objetivos estratégicos. Depois de vários episódios de downsizing e rightsizing irresponsáveis, muitas empresas descobriram como é caro substituir conhecimento e talento. Como resultado, está se dando uma ênfase muito maior a atrair, recompensar e reter talento, em todos os níveis da organização. O foco na melhoria contínua, por meio do desenvolvimento de habilidades, é um elemento importante dessa estratégia. Muitas empresas perceberam que desenvolver as habilidades de amanhã - individual e coletivamente - é a chave para a flexibilidade estratégica. Habilidades de liderança, especificamente, são cada vez mais demandadas. A concorrência mais intensa criou uma necessidade maior de liderança em todos os níveis da organização. A velocidade das mudanças e o crescimento da incerteza no ambiente estratégico também aumentaram a dificuldade de se oferecer uma liderança eficaz."

Essa idéia de transformar seus colaboradores estrelas em líderes faz muito mais sentido no meio esportivo, tendo em vista que a carreira destes profissionais é curta. A maioria dos esportistas se aposentam na casa dos 35 anos. Desta forma, quanto mais cedo o colaborador ser envolvido na idéia de se tornar um líder e dividir seu conhecimento, mais tempo ele tem de desenvolver o talento de seus colegas.

O talento já está no seu time, e ele custa caro, então desenvolva a idéia de fazer com que esse talento seja compartilhado pelos demais colaboradores da equipe. Fazer com que seu time esteja unido e motivado, já é a metade do sucesso da sua empresa. 

Desta forma, não podemos ser a seleção do Cristiano Ronaldo, devemos ser a seleção Portuguesa formada por 11 titulares, reservas, técnico, preparador físico, preparador de goleiro, equipe médica, entre outros. Ter o melhor do mundo no seu time deve ser apenas um detalhe, até por que este título pode ser passado para outro no ano seguinte.

Ligia Galvão

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