quarta-feira, 13 de janeiro de 2010

Heineken compra a Femsa, dona da Kaiser, por US$ 7,6 bilhões


O grande xadrez da consolidação do mercado mundial de cerveja teve um novo lance. A holandesa Heineken, terceira maior cervejaria do mundo, anunciou a compra da cervejaria mexicana Femsa, que controla no Brasil a Kaiser.



O negócio, fechado totalmente via troca de ações, chega a US$ 7,6 bilhões, incluindo as dívidas da Femsa, que chegam a US$ 2,1 bilhões. Além disso, pelo acordo, os controladores da Femsa passam a deter cerca de 20% do capital da Heineken. A compra, porém, ainda não é suficiente para a Heineken assumir o segundo lugar entre as maiores cervejarias, atualmente com a britânica SABMiller (a maior é a belgo-brasileira AB InBev).


O acordo deve fortalecer a presença da fabricante holandesa na América Latina e seu portfólio de marcas internacionais, ao mesmo tempo em que protegerá sua posição no mercado de importação americano. O executivo-chefe da Heineken, Jean-François van Boxmeer, destacou que a compra "oferece oportunidades para a aceleração das vendas nos mercados em rápido crescimento do Brasil e do México" e que o porcentual da geração de proveniente de mercados emergentes vai subir de 32% para 40%. A cervejaria holandesa estima ainda que as sinergias de custo anuais chegarão a 150 milhões e espera concluir a transação no segundo trimestre deste ano.


A maior parte dos executivos de bancos e de analistas do setor que acompanhavam o processo de venda da Femsa previa que a SABMiller levaria a empresa. A SABMiller, no entanto, deixou a disputa em dezembro, segundo o Wall Street Journal. De acordo com a agência Reuters, que cita fontes próximas a operação, foi a situação da subsidiária brasileira que levou a SAB a desistir do negócio - por causa da participação de mercado pequena e do alto endividamento. A SABMiller não comentou a informação.


Para analistas, de qualquer forma, a Heineken precisava da Femsa mais do que a SABMiller, porque a holandesa tem uma presença muito menor em mercados emergentes importantes. Além disso, nos EUA, o maior mercado de cerveja do mundo em lucros, a Heineken tornou-se mais dependente das cervejas mexicanas que importa da Femsa, já que sua própria marca enfrenta dificuldades.


"O acordo da Heineken com a Femsa é excelente", disse o analista Kris Kippers, da Petercamm. "A Heineken tornou-se mais presente nos emergentes, não aumentou seu endividamento e protege suas importações nos EUA, que são cruciais para suas operações no país. "No comunicado anunciando a compra, a Heineken destacou que o acordo dá ao grupo "a oportunidade de construir valor no Brasil, o segundo mercado mais lucrativo em cerveja do mundo". O portfólio da Femsa no País inclui Kaiser, Summer Draft, Bavaria, Xingu e Sol.


Na avaliação dos diretores da Femsa, que classificaram a Heineken como a cervejaria "mais internacionalizada", a transação é complementar aos negócios das duas companhias, porque a integração possibilitará acesso a mercados emergentes antes não acessados pela Heineken e aos mercados desenvolvidos, que a Femsa não conseguia atingir.


Segundo o presidente da Femsa, José Antonio Fernández Carbajal, após o forte movimento de consolidação verificado em 2008, marcado pela fusão entre a belgo-brasileira InBev e a americana Anheuser-Busch, a Femsa começou a analisar alternativas para se manter competitiva. "Analisamos as oportunidades e consideramos que poderíamos expandir nossa estratégia e gerar valor aos nossos acionistas com a Heineken."


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